Isaurinha

Naquele tempo havia ar fresco, havia o constante canto dos pássaros, havia ávores, arbustos e arbustinhos, havia caminhos em terra polvilhada de ervas daninhas.
Naquele tempo havia poços, havia burros, galinhas, porcos e coelhos.
Naquele tempo havia casas aqui e muito além, havia o pátio solarengo e os currais, havia o borralho e o forno, a candeia de azeite, a manta de retalhos, a máquina de costura herdada, havia o pequeno altar, a bíblia e o terço gasto.
Naquele tempo havia os serões, os cantares murmurados, os risos distantes e os olhos iluminados.
Naquele tempo havia a minha Isaura...Era bela, era pura, era boa, cantava e dançava como o vento, sorria com a vontade que tinha em si de viver. Era humana, carinhosa, trabalhadora, lutadora e sofredora num silêncio que ninguém, mas ninguém jamais ouvira.
Pelos seus frutos deu tudo de si... Andou, andou, andou, pediu, não dormiu, não comeu, chorou sozinha, deseperou, ergueu o nariz, ganhou coragem, andou mais e mais, largou tudo para que nunca nada faltasse a nenhum deles. Nunca ninguém poderá alguma vez ser capaz de dar tanto.
Assim viveu e fez viver com todo o amor que tinha. Assim viveu e fez viver quem a cuidava e quem não a cuidava.
Tanto viveu assim que envelheceu... Chegada aí viu a felicidade. Não a sua, mas a de quem ela fora incapaz de abandonar.
Sorri ao ver que a sua vida nada parece interessar mas que valeu a pena!
Por muito insignificante que possa parecer a minha Isaurinha, acho que nunca houve ninguém de quem tanto de orgulhásse. Quem me dera ser assim, minha linda!
à minha avó
1 Comments:
a avó sai a neta só pode . tão bonita ela é
da maneira que falas da tua avó gosto muito de ver que ela é assim tão boa pessoa faz me lembra a minha mamã
o que será de min sem ela !! ai ai
beijocas lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
p.s mote
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